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UFSM e UFN farão testes de diagnóstico para detectar o novo coronavírus

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data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: divulgação
Amostras serão analisadas no Laboratório de Diagnóstico Molecular da UFN (à esq,) e no Setor de Virologia do Departamento de Medicina Veterinária Preventiva da UFSM (à dir)

Uma equipe multidisciplinar de professores, servidores e alunos das duas maiores instituições de Ensino Superior da cidade está conduzindo a implementação do teste diagnóstico para detectar o novo coronavírus. Juntas, a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e a Universidade Franciscana (UFN) devem começar, até o final do mês, a realizar o exame molecular para os casos suspeitos de Covid-19.

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O grupo foi criado no dia 23 de março, pelo reitor da UFSM, Paulo Burmann e, desde então, tem trabalhado para colocar em ação a iniciativa, que deve acelerar a identificação de pacientes infectados em Santa Maria. Até então, os testes são realizados pelo Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen-RS) do Estado, que tem sofrido com uma demanda muito grande em virtude do aumento de casos.

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- Nós dispomos, tanto a UFN quanto a UFSM, de equipamentos e de experiência nesse mesmo teste molecular, que está sendo usado no mundo inteiro. Foram encomendados na semana passada os kits de reagentes para diagnóstico. São os kits recomendados pelo Centro para Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos e os mesmos utilizados pelo Lacen e que serão utilizados por laboratórios da UFRGS e Feevale, além de outros laboratórios no Estado - comenta Eduardo Furtado Flores, virologista e professor de Saúde Pública e Epidemiologia no curso de Medicina Veterinária da UFSM, que coordena o grupo.

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Os resultados dos exames moleculares ficam prontos entre 24 e 48 horas. O professor explica que, diferente dos testes sorológicos (saiba mais abaixo), que detectam a produção de anticorpos no organismo do paciente, o diagnóstico molecular detecta o material genético do vírus (RNA):

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- O teste molecular consegue identificar as pessoas que estão infectadas, que estão com o vírus, de dois a três dias após a infecção. O teste sorológico só é capaz de identificar um paciente com vírus de sete a dez dias depois que ele foi infectado, por isso o teste sorológico não é o mais indicado para a situação atual, em que se deseja identificar os pacientes com a doença. A identificação de pacientes positivos é fundamental para a orientação da conduta clínica e terapêutica, alojamento dos pacientes em dependências apropriadas nos hospitais, emprego de cuidados redobrados de profilaxia por parte dos profissionais de saúde, além da orientação de isolamento para familiares e demais pessoas que tiveram contato com o paciente.

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Enquanto os kits de reagentes não chegam, a equipe elabora os protocolos, padrões operacionais, normas de biossegurança e procedimentos de cada etapa, desde o recebimento do material e processamento. A previsão dada pela empresa que fornece o material é de que os kits e demais reagentes cheguem até 10 de abril. Com isso, a expectativa é de que até o final do mês os testes comecem a ser feitos.

As amostras de casos suspeitos serão encaminhadas pelas Unidades de Saúde do município de Santa Maria e devem chegar, primeiramente, ao Laboratório de Análises Clinicas do Hospital Universitário de Santa Maria (Husm), que fará a preparação dessas amostras e extração do material genético do vírus. Após, as amostras serão divididas e uma parte será analisada pelo Setor de Virologia (SV/UFSM) do Departamento de Medicina Veterinária Preventiva da UFSM, e a outra pelo Laboratório de Diagnóstico Molecular da UFN - que desde esta quarta-feira está fazendo o diagnóstico para seis tipos de vírus respiratórios de pacientes da UPA e Casa de Saúde, para auxiliar na identificação de doenças que possuem sintomas parecidos ao novo coronavírus.

Além de pacientes suspeitos ou hospitalizados, pretende-se testar rotineiramente os profissionais da área de saúde que estarão envolvidos com esses pacientes. A primeira compra dos kits foi feita com recursos oriundos de Termos de Ajustamento de Conduta (TAC) do Ministério Público do Trabalho (MPT), que foram destinados para esta finalidade. 

Na última segunda-feira, o Ministério Público Federal (MPF) de Santa Maria, que também faz parte do comitê estratégico de acompanhamento da Covid-19 na cidade, fez uma nova solicitação de destinação de valores de TACs ao MPT, para a compra de três a nove mil kits para a realização do diagnóstico molecular - ao custo de R$ 215,7 mil até R$ 641,1 mil.

Após a liberação do recurso, a equipe faz a compra diretamente com o fornecedor e, posteriormente, faz a prestação de contas direto com o MPT. Nesta quarta-feira, o Ministério da Saúde e a Força Aérea Brasileira começaram a distribuir mais 500 mil testes rápidos para todo o país, de um total de 5 milhões previstos.

DIFERENÇA ENTRE OS TESTES

O Comitê Científico gaúcho de apoio ao enfrentamento da pandemia Covid-19 emitiu, em 31 de março, uma carta à sociedade (o documento pode acessado aqui) explicando sobre os testes de diagnóstico para detectar o novo coronavírus: 

Testes Rápidos

  • Os testes rápidos detectam proteínas e o resultado aparece em formas de linhas no teste em aproximadamente 15 minutos 
  • Estes testes podem detectar tanto proteínas do próprio vírus quanto proteínas produzidas pelo organismo em resposta ao vírus, os anticorpos 
  • Até 31 de março, a Anvisa aprovou dois testes rápidos do vírus e oito testes para detectar os anticorpos (IgM e IgG) 
  • O teste rápido mais comum detecta se o organismo está produzindo uma resposta de anticorpos (IgM e IgG) contra proteínas do coronavírus. Estes dois anticorpos aparecem entre 10 a 20 dias após a infecção e, por isso, este teste não pode ser usado para confirmar que alguém possui ou não o vírus ou a doença, pois a pessoa pode ter o vírus, mas ainda não ter produzido IgM e IgG
  • Além disso, como a presença destes anticorpos permanece por muitos dias após a doença, a presença de anticorpos não indica que a pessoa ainda esteja com o vírus. Neste caso existe a possibilidade de que ela esteja com algum grau de imunização

Teste Molecular

  • A detecção do material genético do vírus (RNA) é feita através de uma técnica conhecida como RT-PCR, que segue estas etapas:

  1. Coletar o material biológico, geralmente com um cotonete (swab) na nasofaringe (nariz) e orofaringe (garganta);
  2. Inativar este vírus e extrair o material genético;
  3. Transformar o RNA em DNA;
  4. Amplificar regiões específicas do DNA usando pequenos fragmentos de DNA (primers)
  5. Detectar o DNA amplificado em um equipamento de PCR em tempo real

  • Este teste identifica 2 a 3 regiões diferentes do SARS-Cov-2 e por isso é uma técnica muito específica, mas depende do uso de sondas e/ou fragmentos específicos de DNA (primers) adequados, que reconhecem essas regiões do RNA viral

  • Dada a amplificação feita na etapa 4, o RT-PCR é uma técnica muito sensível, mas a qualidade de extração e conservação das amostras de RNA são importantíssimas para que se obtenha resultados confiáveis

  • O tempo de execução de todas as etapas desta técnica é em torno de 6h, se realizada de forma manual, ou em torno de 4h, quando automatizada. Porém, para isso são necessários equipamentos sofisticados e de grande porte e só pode ser realizado em laboratórios específicos. Por isso o tempo de entrega destes testes pode ser mais demorado. O número de amostras a ser testado também irá influenciar a rapidez dos resultados, pois é possível que a demanda seja superior a capacidade dos laboratórios em realizar os testes.

Fonte: Comitê Científico gaúcho de apoio ao enfrentamento da pandemia Covid-19 da Secretaria de Inovação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul

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